O que é ECT?

O projeto Ecossistemas Cooperativos e Desenvolvimento Local na Cidade de Maricá é uma parceria entre o Programa de Engenharia de Produção, da COPPE/ UFRJ (a partir da Fundação COPPETEC), e o Instituto de Ciência, Tecnologia e Inovação de Maricá (ICTIM).

Com base no referencial da Economia da Funcionalidade e da Cooperação e na formação de mestres e doutores nesse referencial, o objetivo central é apoiar o desenvolvimento do território de Maricá, através da integração dos atores que atuam em diferentes áreas como alimentação, saúde, cultura e economia criativa.

Uma das características dos projetos em que as equipes do Programa de Engenharia de Produção da COPPE/UFRJ atuam é fomentar o diálogo entre as ciências exatas e da natureza, as ciências sociais e a saúde. Dentro dessa tradição, os desenvolvimentos recentes da área de estudos do trabalho, em particular da área de ergonomia no PEP/COPPE/UFRJ, resultaram na sua aproximação com o grupo de pesquisa francês do laboratório de pesquisa e intervenção ATEMIS (Analyse du Travail et des Mutations dans l’Industrie et les Services) responsável pela construção inicial do referencial da Economia da Funcionalidade e da Cooperação – EFC, base para este projeto.

Referencial teórico e metodologia

Economia da Funcionalidade e da Cooperação

O referencial da Economia da Funcionalidade e da Cooperação (EFC) tem como um de seus pilares a centralidade do trabalho para a vida dos cidadãos e das cidades. Afirmar que existe uma centralidade do trabalho, é reconhecer que ele se situa na convergência da vida social, econômica e política (enquanto viver, agir e decidir coletivamente). É compreender, assim, que o desenvolvimento territorial passa pela transformação do trabalho ou, dito de outra forma, pela integração da dimensão do trabalho em seus projetos de geração de renda.

A Economia da Funcionalidade e da Cooperação (EFC) tem em sua origem os impasses do modelo econômico vigente marcado por:

▶ Desafios ambientais (caracterizado pelas mudanças climáticas, esgotamento de recursos naturais, …);

▶ A perda de sentido do trabalho (ausência de reconhecimento, depressão e suicídios,) e

▶ A desigualdade social (desemprego, renda insuficientes, …)

A partir do referencial da EFC, a alternativa a esse modelo econômico passa pela construção da cooperação pelo trabalho no interior das organizações, entre as organizações e entre as organizações e os territórios, o que demanda investimentos nos recursos imateriais estratégicos como a confiança, a pertinência, a competência e a saúde.

Metodologia

A construção de um Ecossistema Cooperativo Territorial (ECT) é composta de 3 etapas:

1. Mapeamento

De acordo com Du Tertre et al (2019), parte da abordagem para a consolidação de Ecossistemas Cooperativos Territorializados (ECT) passa pela reflexão coletiva sobre os usos, os modos de vida, os modos de organização do trabalho e fazer emergir os contornos de uma solução integrada.

Dessa maneira, a intervenção inicia a partir de um diagnóstico do território, realizado por meio do mapeamento dos atores locais por meio de visitas de campo visando conhecer a atividade e de fóruns de debate [link com o histórico dos eventos] sobre os desafios encontrados pelos atores.

O mapeamento é baseado no método da Análise Ergonômica do Trabalho (GUÉRIN et al., 2001). A partir da orientação da demanda do projeto, inicia-se a etapa da compreensão do Funcionamento Geral de cada ator mapeado. Essa etapa caracterizou-se por uma abordagem global e permitiu a articulação entre os aspectos do funcionamento da empresa/ produtor para melhor compreender os desafios e dificuldades.

2. Formação de um grupo piloto, visando a construção participativa do ECT

A partir do mapeamento realizado na primeira fase, é feito convite para um grupo de atores para a formação de um piloto do Ecossistema Cooperativo Territorial. Para a composição do grupo piloto, são levados em consideração critérios como: engajamento; interesse em participar de um processo de transição ecológica, social e econômica; ter demonstrado interesse e/ou estar aberto a mudança do modelo econômico do seu empreendimento; disponibilidade em participar de encontros periódicos.

 

3. Pilotagem do Ecossistema